terça-feira, 28 de agosto de 2012

R.A.Y

'Eu imaginava como seria passar o resto da vida beijando-o logo nos primeiros instantes do primeiro beijo. Eu imaginava ele acordando ao meu lado, eu usando um pijama vergonhoso de desenho.Imaginava ele conhecendo meus pais, e fazendo fondue. Imaginava ele deixando de ir fumar com os amigos e surgindo na minha porta com uma caixa de chocolates.
É aí que a imaginação tirava os pés do chão. Então, já "des"imaginava outra vez e imaginava a primeira briga. O beijo para fazer as pazes. O rosto esmagado de tanto dormir em uma manhã de domingo. Imaginava o sobrenome junto. A secretária eletrônica gravada com as nossas vozes. Não importa se eu nem tinha a ouvido. No maior dos níveis de imaginação, eu conseguia sentir e até cheirar a gola da camisa que nem toquei.
Aí eu voava de novo. Imaginava a saudade. Sentia enjoo e parava para imaginar a rotina ficando chata. Mas aí imaginava a gente se amando, e ele se ajoelhando, pedindo minha mão e abrindo o jornal para pesquisar um apartamento de duas vagas de garagem. Voltava a imaginar o casamento, os filhos, os olhos puxadinhos dele , a pele branquinha dela.. Imaginava ele no meio de uma praça de alimentação de shopping, contando histórias da época do colégio para fazer o menino parar de chorar. E também a viagem para Praga, para o Hawaii, para Ilhabela. O carro com um grande porta-malas, a vida confortável e a sala aconchegante e quente.
E tudo isso eu conseguia imaginar sem nem ter tido uma história com quem quer que fosse o "ele" '